terça-feira, 16 de novembro de 2010

Análise do desfile do Cantão à luz da Estética Kantiana



Juízo de conhecimento - Kant
No tom alegre e despojado do Cantão, o infinito é visto pela lente do Realismo Maravilhoso para dar asas a idéias.

O Céu é o limite da coleção verão 2011 do Cantão que aponta na direção do infinito azul (ora laranja, ora pink) e de todo o universo real e imaginário que o ronda. Uma interminável fonte de inspiração, tanto por suas formas e proporções extraordinárias, quanto pelos seus ricos elementos. No tom alegre e despojado da marca, o céu é visto pela lente do Realismo Maravilhoso para dar asas a idéias e associações que o homem sempre fez ao olhar e explorar o firmamento.
A Coordenadora de Estilo, Renata Simon, e sua equipe apostaram numa cartela de cores fresca e luminosa e em silhuetas criadas com jogos de ilusão: plissados que em movimento se transformam dando a sensação de vôo, looks que não se sabe ao certo se são vestidos ou macaquinhos, falsas sobreposições que são peças inteiras, parcas híbridas e tricôs que parecem suspensos por conta das montagens com fios de teflon. Na estamparia, a ótica realista maravilhosa confere cores impossíveis a uma foto de nuvens, pássaros voam entre planetas enquanto os florais estouram como fogos de artifício.
A marca reforça sua vocação para as cores imprimindo a estamparia em todos os tipos de materiais como tule, nylon e até nos calçados, optando por looks inteiros em vez das misturas de estampas. O Cantão aposta também nos lisos, sempre com texturas como aplicações de foil, resinados vazados a laser em forma de estrelas e tricôs plissados em forma de leque. Aliás, os plissados e pregueados aparecem com grande destaque na coleção. Substituem os bordados que esta estação aparecem mais discretos nas aplicações em hotfix translúcidos e coloridos.
O tom esportivo permeia o verão 2011 do Cantão. Os curtíssimos macaquinhos, vestidos e shorts, tipo corredor, são usados com bermudas ciclistas de tricô para contrapor com as silhuetas e cartela de cores super femininas. Capas inspiradas no skydiving, cadarços e fivelas-clique aplicados em diferentes peças, tênis de cano longo feitos de organza ou lona com foil e mochilas e bolsas tipo sacola complementam a proposta.
CORES: Rosa, amarelo, nuvem (gelo), os azuis Noite, Galáxia e Céu e marfim. Nos acessórios: caramelo e foil em pink e prata.

TECIDOS e MATERIAIS: Linho, tule, seda, nylon transparente, musseline, tricô, sarja resinada, sarja com aplicação de foil, couro e lona com foil.
  
Ficha Técnica:
CEO: Tommy Simon
Direção da Marca: Renata Mancini
Desfile:
Direção geral e Cenografia: Zee Nunes
Styling: Pedro Sales
Beauty: Daniel Hernandez
Trilha Sonora: Max Blum
Coordenadora de Estilo: Renata Simon
Estilistas de Desfile: Ludmila Bruscky e Georgia Buckley
Equipe de Estilo: Alessandra Brito, Fernanda Villela e Guilherme Gaspar
Headbands: Muggia
Marketing: Rick Yates
Fotógrafo de Passarela: Márcio Madeira

Juízo de gosto
Juízo sobre o agradável
No céu do Cantão, estamparias que lembram nuvens e um fim de tarde e uma coleção de pregas e plissados em peças que - com o andar - ganham movimento e volume. O paraquedismo inspira no uso de tecidos "emprestados" deste universo e na modelagem, assim como nas maximochilas, que lembram  os próprios paraquedas
Kant chama de agradável aquilo que apraz aos sentidos na representação objetiva que fazemos de um objeto, nesse caso do desfile. O agradável tem fundamento privado e, portanto é particular.

Juízo Estético
No desfile do cantão o juízo estético decorre de uma simples reação pessoal diante do espetáculo. O importante é a reação do sujeito que assiste, e não o objeto. Não exige um conceito, mas tem validez universal.

Pertinência dos 4 paradoxos no desfile
O juízo estético é pessoal, não exige um conceito mas tem validade universal. Nesse primeiro paradoxo o sujeito experimenta uma sensação de prazer ou desprazer diante do objeto. No desfile do Cantão a proposta é agradar o público, através do cenário, da música e principalmente pelas roupas.

O segundo paradoxo fala sobre a sensação de prazer e desprazer diante do desfile. O juízo de gosto é uma necessidade subjetiva que nos parece objetiva. Aprovação geral.

O terceiro paradoxo fala de um interesse físico e de um prazer desinteressado. O interesse físico está relacionado ao prazer em usar as roupas que fazem parte dessa coleção e também de fazer e se sentir parte desse conceito.
No caso do prazer desinteressado é quando experimentamos a sensação de alegria diante do espetáculo, é uma alegria gratuita e desinteressada.
Para Kant a Beleza não procura satisfazer nenhuma inclinação, é um sentimento puramente contemplativo, desprovido de interesse.

O quarto paradoxo fala sobre o conceito de fim e finalidade. O desfile do Cantão tem um fim, que seria o de apresentar para as pessoas uma história através das roupas, do cenário, da música. O fim está ligado ao objeto e a sua destinação útil. Já a finalidade para Kant está ligada ao sujeito e a sensação de prazer harmonioso que ele experimenta diante do desfile, sem um interesse pessoal.

3 graus de finalidade/gratuidade
São 3 graus de utilidade decrescente e gratuidade crescente: o dos objetos puramente ligados ao fim e a sua destinação útil, e mesmo já dentro do campo da Beleza, isto é, já dentro do campo da finalidade. O dos objetos que representam as coisas (Arte figurativa - Tipo de arte que se desenvolve principalmente na pintura pela representação, de seres e objetos em suas formas reconhecíveis para aqueles que as olham) e dos que representam simples formas (Arte abstrata ou abstracionismo é um estilo artístico moderno em que os objetos ou pessoas são representados, em de pinturas ou esculturas, através de formas irreconhecíveis. O formato tradicional é deixado de lado na arte abstrata). ‘No caso do desfile, a contemplação da Beleza é turvada pelo conceito que fazemos do Céu. Depende do que ele representa para cada um de nós.




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