quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Fernanda Ozorio - Cor Aplicada ao Design

Crítica Estética

Trabalho de Cor Aplicada ao Design

Os croquis representam algumas características estudadas na aula de Cor Aplicada ao Design como cores complementares, saturação, cores quentes e cores frias, claro e escuro e tríade.
Em cada combinação vemos um tipo de cada característica. O primeiro croqui representa as cores complementares (são cores que, em certo sentido, são opostas umas às outras), o segundo representa saturação (é um parâmetro que especifica a qualidade de um matiz de cor pelo grau de mesclagem do matiz com a cor branca), o terceiro são as cores quentes (transmitem a sensação de calor) e frias (transmitem a sensação de frio), o quarto são cores claras e escuras e o quinto croqui representa a tríade (esquema de 3 cores secundárias eqüidistantes).

Resumo

Considerações sobre uma estética contemporânea
O texto fala sobre a passagem da modernidade para a pós-modernidade, onde a busca de uma nova concepção estética é uma realidade no mundo contemporâneo. A percepção estética da realidade pós-moderna busca a realidade nas criações visuais não obedecendo a cânones, como acontecia em muitas tendências modernistas.
O ser humano que foi mais racional na modernidade se apresenta como um ser complexo e híbrido no pós-moderno que estamos vivenciando. Continua sendo um ser de símbolos, relacionando o imaginário com o simbólico, sem definições precisas, mas com aproximações.
Quando a TV analógica surgiu na década de 20, as pessoas passaram a discutir se as imagens iam substituir o rádio que até então era o maior veículo de comunicação de massa e isso não aconteceu. Eles passaram a atuar juntos. Da mesma forma que os e-books não eliminaram o livro impresso.
Com o surgimento dessas novas tecnologias de comunicação as pessoas passaram a fazer parte dessa união. A modernidade passou a fazer parte das tendências contemporâneas.
É possível perceber que as imagens do contemporâneo não se preocupam em apresentar pureza estilística ou em apresentar soluções inéditas de vanguarda, pois é resultado da intertextualidade, da citação, da cópia da hibridação e de vários estilos. Ao mesmo tempo cultiva o grotesco, contradizendo conceitos estruturados de beleza.
Na contemporaneidade fica difícil falar em estilo, uma vez que o pós-moderno vivenciado engloba praticamente todos os estilos, num processo de inclusão.
Na modernidade muitos valores foram negados, excluídos e considerados ultrapassados, na pós-modernidade eles foram agregados: um exemplo internacional dessas hibridações são os Shoppings Center, neles se encontram todos os tipos de estilo.
As imagens que nos cercam tendem mais a ambigüidade e a indeterminação. As tendências de beleza deram lugar aos produtos da indústria cultural e midiática, e a ironia está por toda a parte.
Se o homem contemporâneo tudo aceita em nome desta mestiçagem de estilos podemos dizer que o lógico está cada vez mais unido ao sentimento, às crenças, ás percepções, ás emoções de um imaginário cultural que nos rege, recriando antigos rituais.
A idéia seria de formação da sensibilidade no ser humano, como elemento fundamental como centro e chave de um desenvolvimento estético interior harmônico do sujeito consigo mesmo para uma compreensão maior deste mundo contemporâneo que é tecnológico e sensível e no qual o imaginário vem atuando como realidade social, povoando sonhos, fantasias e mitos da contemporaneidade.
Estudar a estética do imaginário, nas manifestações icnográficas pós-modernas há que resgatar conceitos da modernidade, que sendo um estilo possui paradigmas definidos tais como: o progresso, a avant-gard, a busca pelo novo, pelo único e o original. Buscando o racional, em muitas de suas manifestações, como as da op-art, a modernidade tornou-se exclusivista das tendências anteriores das imagens.
A era das tecnologias uniu sensibilidade com ciência, desenvolveu-se rapidamente, mas a sociedade parece ainda desesperada para exercer o domínio sobre esses novos conceitos para investir na vida social, na vida privada e na vida acadêmica ao mesmo tempo.
A pós-modernidade, sem dúvida, vem trazendo maior liberdade, maiores possibilidades de argumentações, se formos educados q questionar para obtermos compreensão maior da complexidade que nos cerca, sem os padrões e regras rígidas que regiam alguns aspectos da arte na modernidade, com qual ainda convivemos. É preciso, portanto, conviver e melhor aceitar estas contradições que os cercam o sujeito pós-moderno é instável, contraditório, flexível, assim como suas representações, e que a nova visualidade das imagens que representam são tão complexas quanto sua própria subjetividade.
O pós-moderno vem perseguindo “o desejo de liberdade” já referido por Bauman (1998), na manifestação de linguagens utilizadas para expressar-se iconograficamente, em que pese sobre si, muitas vezes, a denúncia do anárquico.
Para Plotino, a Beleza não se configurava apenas em simetria, nas proporções harmônicas, que os estóicos defendiam teoricamente. Criticando profundamente essa teoria, Plotino confere à Estética um novo sentido de onde vai descender o mundo corpóreo. É assim que ele considera a beleza do corpo no seu conjunto e nas suas partes. Para ele a beleza vai depender da participação de uma idéia.
Este desejo de liberdade já se manifestara na Renascença, por exemplo, Giuseppe Arcimboldo (1527-1593) que reuniu os mais diversos objetos estranhos, registros de pessoas com anomalias físicas (desde anões até gigantes), animais, frutas, legumes de diversas espécies, provindos de todos os continentes. Arcimboldo teve condições de fazer estudos para suas obras, observando o pormenor de cada elemento, representando-os em seus mais ricos e finos detalhes. Já aparecia, nessas obras, uma visualidade estética voltada para o grotesco, fugindo aos padrões convencionais de beleza.
Acreditamos que será nessa nova forma de pensar que poderemos conceituar uma nova estética relacional da pós-modernidade, o que nos permitirá expressar e viver muitas possibilidades do nosso ser, com o conhecimento e o espírito crítico e reflexivo, assumindo sempre os riscos que a liberdade iconográfica nos vem proporcionar.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Análise do desfile do Cantão à luz da Estética Kantiana



Juízo de conhecimento - Kant
No tom alegre e despojado do Cantão, o infinito é visto pela lente do Realismo Maravilhoso para dar asas a idéias.

O Céu é o limite da coleção verão 2011 do Cantão que aponta na direção do infinito azul (ora laranja, ora pink) e de todo o universo real e imaginário que o ronda. Uma interminável fonte de inspiração, tanto por suas formas e proporções extraordinárias, quanto pelos seus ricos elementos. No tom alegre e despojado da marca, o céu é visto pela lente do Realismo Maravilhoso para dar asas a idéias e associações que o homem sempre fez ao olhar e explorar o firmamento.
A Coordenadora de Estilo, Renata Simon, e sua equipe apostaram numa cartela de cores fresca e luminosa e em silhuetas criadas com jogos de ilusão: plissados que em movimento se transformam dando a sensação de vôo, looks que não se sabe ao certo se são vestidos ou macaquinhos, falsas sobreposições que são peças inteiras, parcas híbridas e tricôs que parecem suspensos por conta das montagens com fios de teflon. Na estamparia, a ótica realista maravilhosa confere cores impossíveis a uma foto de nuvens, pássaros voam entre planetas enquanto os florais estouram como fogos de artifício.
A marca reforça sua vocação para as cores imprimindo a estamparia em todos os tipos de materiais como tule, nylon e até nos calçados, optando por looks inteiros em vez das misturas de estampas. O Cantão aposta também nos lisos, sempre com texturas como aplicações de foil, resinados vazados a laser em forma de estrelas e tricôs plissados em forma de leque. Aliás, os plissados e pregueados aparecem com grande destaque na coleção. Substituem os bordados que esta estação aparecem mais discretos nas aplicações em hotfix translúcidos e coloridos.
O tom esportivo permeia o verão 2011 do Cantão. Os curtíssimos macaquinhos, vestidos e shorts, tipo corredor, são usados com bermudas ciclistas de tricô para contrapor com as silhuetas e cartela de cores super femininas. Capas inspiradas no skydiving, cadarços e fivelas-clique aplicados em diferentes peças, tênis de cano longo feitos de organza ou lona com foil e mochilas e bolsas tipo sacola complementam a proposta.
CORES: Rosa, amarelo, nuvem (gelo), os azuis Noite, Galáxia e Céu e marfim. Nos acessórios: caramelo e foil em pink e prata.

TECIDOS e MATERIAIS: Linho, tule, seda, nylon transparente, musseline, tricô, sarja resinada, sarja com aplicação de foil, couro e lona com foil.
  
Ficha Técnica:
CEO: Tommy Simon
Direção da Marca: Renata Mancini
Desfile:
Direção geral e Cenografia: Zee Nunes
Styling: Pedro Sales
Beauty: Daniel Hernandez
Trilha Sonora: Max Blum
Coordenadora de Estilo: Renata Simon
Estilistas de Desfile: Ludmila Bruscky e Georgia Buckley
Equipe de Estilo: Alessandra Brito, Fernanda Villela e Guilherme Gaspar
Headbands: Muggia
Marketing: Rick Yates
Fotógrafo de Passarela: Márcio Madeira

Juízo de gosto
Juízo sobre o agradável
No céu do Cantão, estamparias que lembram nuvens e um fim de tarde e uma coleção de pregas e plissados em peças que - com o andar - ganham movimento e volume. O paraquedismo inspira no uso de tecidos "emprestados" deste universo e na modelagem, assim como nas maximochilas, que lembram  os próprios paraquedas
Kant chama de agradável aquilo que apraz aos sentidos na representação objetiva que fazemos de um objeto, nesse caso do desfile. O agradável tem fundamento privado e, portanto é particular.

Juízo Estético
No desfile do cantão o juízo estético decorre de uma simples reação pessoal diante do espetáculo. O importante é a reação do sujeito que assiste, e não o objeto. Não exige um conceito, mas tem validez universal.

Pertinência dos 4 paradoxos no desfile
O juízo estético é pessoal, não exige um conceito mas tem validade universal. Nesse primeiro paradoxo o sujeito experimenta uma sensação de prazer ou desprazer diante do objeto. No desfile do Cantão a proposta é agradar o público, através do cenário, da música e principalmente pelas roupas.

O segundo paradoxo fala sobre a sensação de prazer e desprazer diante do desfile. O juízo de gosto é uma necessidade subjetiva que nos parece objetiva. Aprovação geral.

O terceiro paradoxo fala de um interesse físico e de um prazer desinteressado. O interesse físico está relacionado ao prazer em usar as roupas que fazem parte dessa coleção e também de fazer e se sentir parte desse conceito.
No caso do prazer desinteressado é quando experimentamos a sensação de alegria diante do espetáculo, é uma alegria gratuita e desinteressada.
Para Kant a Beleza não procura satisfazer nenhuma inclinação, é um sentimento puramente contemplativo, desprovido de interesse.

O quarto paradoxo fala sobre o conceito de fim e finalidade. O desfile do Cantão tem um fim, que seria o de apresentar para as pessoas uma história através das roupas, do cenário, da música. O fim está ligado ao objeto e a sua destinação útil. Já a finalidade para Kant está ligada ao sujeito e a sensação de prazer harmonioso que ele experimenta diante do desfile, sem um interesse pessoal.

3 graus de finalidade/gratuidade
São 3 graus de utilidade decrescente e gratuidade crescente: o dos objetos puramente ligados ao fim e a sua destinação útil, e mesmo já dentro do campo da Beleza, isto é, já dentro do campo da finalidade. O dos objetos que representam as coisas (Arte figurativa - Tipo de arte que se desenvolve principalmente na pintura pela representação, de seres e objetos em suas formas reconhecíveis para aqueles que as olham) e dos que representam simples formas (Arte abstrata ou abstracionismo é um estilo artístico moderno em que os objetos ou pessoas são representados, em de pinturas ou esculturas, através de formas irreconhecíveis. O formato tradicional é deixado de lado na arte abstrata). ‘No caso do desfile, a contemplação da Beleza é turvada pelo conceito que fazemos do Céu. Depende do que ele representa para cada um de nós.




Desfile Cantão Verão 2011

http://www.youtube.com/watch?v=9m6C0e3fEXY

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Capítulo 6

Teoria Kantiana da Beleza
O Juízo de Conhecimento e o Juízo de Gosto
Kant pretendeu deslocar o centro da existência da Beleza do objeto para o sujeito.

Juízo de Gosto – Tem um princípio determinante puramente subjetivo. Desprovida de interesse.

Juízo de Conhecimento – Fornece conceitos de validade geral. “Esta rosa é branca”.

Juízo sobre o Agradável – É quando sentimos uma sensação agradável em relação a tal coisa ou objeto, trata-se de um juízo baseado numa pura sensação subjetiva minha.
“Agradável é aquilo que agrada os sentidos na sensação”.

Juízo Estético – Decorre de uma simples reação pessoal diante do objeto. É a reação do sujeito, e não propriedade do objeto. “Essa rosa é bela”, sensação agradável do sujeito, ausência de conceito, mas exigência de validez universal.

Primeiro Paradoxo Kantiano sobre a Beleza
A primeira característica da beleza, de acordo com Kant, isso é, “universal sem conceito”, constitui, portanto, como se viu, um paradoxo: quando o sujeito emite um juízo estético, não está exprimindo um conceito decorrente das propriedades do objeto, mas apenas uma sensação de prazer (ou de desprazer) que ele experimentou diante do objeto. No entanto, o sujeito exige sempre para esse juízo estético, sem conceito, o assentimento mais geral possível, a validez universal.

Segundo Paradoxo Kantiano sobre a Beleza
“A beleza é resultante de faculdades necessariamente comuns a todo homem, a sensibilidade, ou imaginação, aliada talvez ao entendimento”. A satisfação determinada pelo juízo estético apóia-se no livre jogo da imaginação, é uma espécie de harmonização das faculdades causada pela sensação de prazer.
O juízo de gosto é uma necessidade subjetiva que nos parece como objetiva. Tendo todos os homens necessariamente essas faculdades, produz sensação de prazer e desprazer, é natural que o sujeito, ao experimentar uma sensação de prazer diante de um quadro ou de um romance, exija, para seu juízo, o assentimento de todos os outros homens, a aprovação geral.




Terceiro Paradoxo Kantiano sobre a Beleza
Quando uma pessoa se alimenta, tem um interesse físico a satisfazer, prazer interessado. Mas quando experimentamos uma sensação de alegria diante de uma rosa, é uma alegria gratuita e desinteressada.
Kant estuda o ato de consciência que julga a beleza. Beleza não procura satisfazer nenhuma inclinação, é um sentimento puramente contemplativo, desprovido de interesse.

Quarto paradoxo Kantiano sobre a Beleza
O fim da finalidade
Temos então o fim ligado ao objeto e a sua destinação útil, e a finalidade ligada ao sujeito e à sensação de prazer harmonioso que ele experimenta.
O fim é ligado a propriedades do objeto, e o juízo estético é puramente subjetivo. Nenhum prazer ligado ao fim pode ser estético, porque todo ele é interessado.

Beleza livre e Beleza aderente
Kant chama a Beleza ligada as artes de “aderente”, porque ela adere ao conceito que fazemos das coisas representadas, e chama de livre a que se liga às artes abstratas, que representam formas puras.
A Beleza livre não supõe portanto, nenhum conceito do que seja o objeto, a Beleza aderente não só supõe tal conceito, mas supõe ainda a perfeição do objeto em relação a esse conceito.


  

Capítulo 8

Teoria Hegeliana da Beleza – Capítulo 8
Beleza como manifestação da idéia
Hegel foi, sem dúvida, o maior dos pensadores idealistas alemães do século XIX.
“A Beleza... se define como a manifestação sensível da Idéia”.
De acordo com Hegel, “a unidade da idéia e da aparência individual é a essência da Beleza e da sua produção na Arte”. A Beleza é a Idéia representada através do sensível.
Hegel aceita também o fundamento platônico da explicação da Verdade. Deve-se considerar, não os objetos particulares qualificados como belos, mas a Beleza.

Beleza e Verdade
“existe uma diferença entre a Verdade e a Beleza. A verdade é a idéia enquanto considerada em si mesma, em seu princípio geral e pensada como tal. A Beleza se define portanto como a manifestação sensível da idéia.
Hegel critica violentamente, também, a visão kantiana da Beleza como algo de natureza não conceitual. Racionalista extremado dentro de seu idealismo, não aceita que a Beleza seja um “universal sem conceito”, como queria Kant.

A Idéia e o Ideal
Distingue-se, assim, a Idéia – que, considerada enquanto em si mesma, é a Verdade – do Ideal, que é a Beleza, a Verdade exteriorizada no sensível e no concreto.

Liberdade e Necessidade
Liberdade é aquilo que a subjetividade contém e pode captar em si mesma de mais elevado. A liberdade é a modalidade suprema do Espírito. Enquanto a liberdade permanece puramente subjetiva e não se exterioriza, o sujeito se choca com o que não é livre, com o que é puramente objetivo, isto é, com a necessidade natural.
O estado natural do homem é a contradição e o dilaceramento, não só perante a natureza, mas, dentro de si mesmo. A suprema aspiração humana é superar tal contradição.

As três etapas para o absoluto
A Arte, a Realidade e a Filosofia são as etapas fundamentais neste caminho do homem à procura do absoluto. À Arte cabe, a espiritualização do sensível. À Religião, compete a captação interior daquilo que a Arte faz contemplar como objeto exterior. Cabendo a Filosofia o papel de síntese entre as duas: “A Arte e a Religião estão unidas na Filosofia”.
O mundo é dilacerado entre dois extremos: de um lado, as coisas, do outro, a idéia absoluta. O homem é uma espécie de campo de batalha entre a Natureza e Deus. O homem sente a oposição entre sua natureza espiritual e a realidade bruta que o cerca. È aí que ele se vale da Arte, da Religião e da Filosofia, como veículos de espiritualização do mundo.
Para Hegel, a Tragédia, ao contrário de certas idéias feitas que tomaram conta do pensamento estético, não é dominada pela fatalidade exterior, e sim pela vontade.